20/12/2011

O QUE APRENDEMOS COM FC BARCELONA

Será que era mesmo preciso o Bracelona aplicar um banho de bola no melhor time do Brasil para que todos percebessem o abismo existente entre as equipes europeias e as brasileiras?

Já passou da hora de cair a nossa soberba de melhores do mundo, arregaçarmos as mangas e colocarmos a mão na massa. Nós não somos mais o melhor futebol do mundo. Até no Futsal, mesmo tendo ganho da Espanha a duras penas em uma final em casa, não ganhamos mais nenhuma final deles depois disso. No futebol de campo não temos mais nenhuma seleção principal campeã mundial. Nem no futebol de areia temos mais a hegemonia e acabamos de perder para a Nigéria a final de um torneio internacional.

A palavra de ordem é profissionalismo, na mais pura essência da palavra. Faltam profissionais capacitados na área, faltam cursos sobre o tema no Brasil e até hoje não existe nenhum curso de Mestrado em gestão esportiva em todo território nacional. Esse é mais um sintoma do abismo entre Brasil e Europa. Além da falta de profissionais na gestão dos clubes, o sistema de gestão arcaico muita das vezes engessa qualquer tentativa de profissionalização. Dirigentes amadores são responsáveis pela gestão de instituições centenárias, com milhares de torcedores, com orçamentos e dívidas milhonárias.

Podemos tirar grande lições do FC Barcelona, não somente as táticas e o toque de bola, precisamos analisar o clube como um todo, seu modelo de gestão, sua estrutura organizacional e a qualidades dos seus profissionais.

Uma das grandes falácias no mundo do futebol é que: "Todo clube precisa de um dono para dar certo." Mais uma vez o Barcelona nós ensina uma lição, o clube catalão não tem um dono e sim mais de 175 mil sócios espalhados pelo mundo. Mesmo não tendo o tal "dono" a gestão do clube é altamente profissional, competente e no último ano conseguiram reduzir em 64 milhões de Euros da sua grande dívida.

Assim como muitos clubes o FC Barcelona também não é só futebol. Lá também tem futebol feminino, basquete (masculino e feminino), handball, futsal, hoquei (patins, grama e gelo), atletismo, rugby, volley, baseball, patinação artística e basquete em cadeiras de rodas. Na temporada 2010/2011 o clube conquistou 16 títulos com suas equipes profissionais. Mais uma vez o Barça prova que está rendondamente enganado quem pensa que para um clube ter sucesso deve ter só futebol.

Dentro de campo, todo mundo sabe que um dos segredos do maravilhoso time do Barcelona é a formação de atletas. Do time campeão do mundo 9 jogadores sairam da La Masia (Acadêmia de Futebol do Barcelona) e até o técnico, Pep Guardiola, saiu de lá. Três dos principais jogadores do mundo foram formados pelo time catalão (Messi, Iniesta e Xavi). Ou seja, todos esse jogadores aprenderam desde cedo a filosofia e os valores do clube, tem identificação com a torcida e paixão pelo Barça.

O lado bom dessa história é que no Brasil temos uma matéria prima inigualável e ainda fabricamos bons jogadores aos montes, mas infelizmente devido a falta de palnejamento, gestão e condições financeiras esses talentos muito ou nada jogam nos seus times formadores. Imaginem vocês uma defesa do Fluminense formada por Fábio (Manchester United), Thiago Silva (Milan), Dedé (Vasco) e Marcelo (Real Madrid) todos esses jogadores são oriundos das divisões de base do clube, mas pouco ou nada jogaram no time principal.

Diferentemente do Brasil, onde o profissionalismo ainda engatinha e a falta de estrutura é latente, o FC Barcelona não se contenta com os recentes resultados e com a formação de jogadores do quilate de: Piqué, Valdés, Xavi, Messi, Iniesta, Puyol, Thiago (com passagem pelas categorias de base do Flamengo), Busquets, Fàbregas e Pedro, ainda assim, decidiu investir quase 10 milhões de Euros para inaugurar, esse ano, as novas instalações das suas categorias de base, maiores e muito mais modernas do que as que já possuia, oferecendo tudo de primeira linha e assim formar muitos outros novos craques extraordinários.
Na verdade o futebol brasileiro tem que aprender muito mais do que táticas revolucionárias e deslocamento dos jogadores, os gols de Messi e Cia. são apenas a ponta do iceberg de anos de gestão eficiente e de estrutura sólida.

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