24/02/2016

MULTIÚSO?


Inevitável não entrar no tema desde a noticia que o Flamengo desistiu de mandar seu jogo, pela Primeira Liga na Arena Pantanal devido ao estado de conservação em que se encontra.

Inaugurada em abril de 2014 atendendo a todos os requisitos para uma operação FIFA, a Arena que sediou 4 jogos da Copa do Mundo atualmente não está apta a receber jogos de futebol da Primeira Liga, isso ao custo de aproximadamente 600 milhões de reais.

A justificativa para a construção do moderno equipamento num estado que não é um grande centro esportivo, foi à aplicação do conceito multiuso, dando uma destinação alternativa para a Arena durante o ano, e a possibilidade de trazer alguns jogos de grandes clubes para o Estado, todavia nota-se pelo estado em que se encontra atualmente que nada anda sendo feito por lá.

O Brasil teve uma bela oportunidade de alavancar a indústria do esporte em 2014, mas a começar pelas escolhas de algumas Cidades-sede nota-se que não houve planejamento algum para aproveitar a situação, senão vejamos, não seria muito mais coerente reduzir o numero de sedes e construir as Arenas em cidades/estados que tenham futebol e publico para utilização das arenas durante todo o ano? Se esse princípio básico fosse adotado como critério, certamente Brasília e Cuiabá dariam vez a Goiânia, e Manaus seria substituída por Belém, que embora atualmente não esteja com futebol tão aquecido, possui 2 clubes de muita tradição, Remo e Paysandu, e a tal justificativa do conceito multiuso também seria muito mais coerente nesses centros, já que ela não seria a única responsável por gerar receita e operação, dividiria com o futebol essa responsabilidade.

Outro ponto que deixou a desejar foi à realizaçãoo de pesquisas e estudos sobre as torcidas e seu comportamento, o que permitiria uma setorização mais adequada dos assentos disponíveis para utilização pós Copa do Mundo. Também foi deixado de lado uma análise sobre a cultura local e o entorno, certamente tal avaliação iria impactar no desenvolvimento dos espaços multiuso, tendo em vista que estariam adaptados a realidade local, e teria uma correta destinação, gerando receita, ocupação e atividades que além de aquecer a economia local iriam beneficiar efetivamente a população, e neste momento sim adequado ao conceito multiuso.

Infelizmente foram levados em conta fatores que não o desenvolvimento do futebol como indústria, e o desenvolvimento econômico e social das regiões onde foram construídos ou reformados, e estas duas premissas eram fundamentais para um projeto bem intencionado de utilizar o esporte e um mega evento como mote para o desenvolvimento e modernização do País.


*Por Mario Bini

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